terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Minha Escola - Fernão Mendes Pinto


A minha escola....Escolhi este tema porque verdadeiramente, até hoje, só tive uma escola....A minha escola primária Fernão Mendes Pinto na Estrada de Benfica, em Benfica.

Boa parte daquilo que sou hoje, devo a essa escola e principalmente às educadoras que estiveram presentes no meu percurso pré-primária - primária. A LINDA e a HELENA GEORGE, a nossa LENA!!!

Faço aqui uma homenagem a duas mulheres extraordinárias que deram tudo por nós e nos deram algo que ainda hoje se mantém e boa parte das coisas que faço na vida. Não esquecendo as maravilhosas colegas que as auxiliavam!!!

Aqui ficam algumas memórias:


  • As viagens que fizemos juntos: Avis, Caramulo;

  • As visitas de estudo que fizemos: Tapada da Ajuda, Museus, Rádios, etc....;

  • As assembleias de classe, em que, durante a semana, colocávamos num placard as noticias, criticas, sugestões entre outros, e que depois eram debatidos à sexta-feira por uma mesa constituida por presidente e assistentes e pela assistência que participava na assembleia.

  • As peças de teatro que todas as semanas eram cerca de 2-3, umas bem ensaiadas outras criadas na hora porque nos apetecia.;

  • As aulas de música com a Adriana, ainda hoje guardo o caderno com as pautas e as músicas, ainda hoje guardo a flauta que tocava nessas aulas maravilhosas;

  • As aulas de oficina, com a Bicha que nos ensinou tanta coisa maravilhosa;

  • Os almoços, sempre muito divertidos, algumas vezes com comida a voar mas que dava origem a uma critica no placard e uma reprimenda na assembleia;

  • O recreio, com pneus de carro para fazer corridas e construções malucas, os jogos da bola sempre muito disputados mas sempre muito leais, fazíamos as linhas (equipas) e jogávamos até à hora de ir para a aula, que era sempre muito ordeira, havia um sino e a malta juntava-se por classe. Depois as educadoras chamavam uma de cada vez.

  • Na aula havia sempre na porta um circulo vermelho de um lado, verde do outro e quando alguém ia à casa de banho colocava vermelho e quando regressava colocava no verde;

  • Ditados, cópias isso havia sempre. Uma vez fui apanhado pela Catarina Furtado, minha colega de turma que não se conteve e contou à Lena, fiquei mais vermelho que um tomate....

  • Escreviamos a um homónimo de uma outra escola, nunca cheguei a conhecer o Nuno de Olhão. Gostava de saber o que é feito dele, qual o seu percurso até hoje!

  • Estafetas e jogos de futebol com a escola rival, a CEBE;

  • As pinturas que faziamos todos os anos no muro da escola que ficava em frente ao "Pastelinho de Benfica";

São apenas algumas das memórias que tenho tão bem guardadas.


De referir que sei os nomes de todos os meus colegas de turma, aliás ainda hoje nos encontramos e recordamos aquilo que vivemos nessa altura e actualizamos o que vivemos desde então até hoje. Aqui ficam o nomes de todos eles:


ANDRÉ VALENTE, CARLOS LOPES, CATARINA CAMPINAS FURTADO, INÊS RIBEIRO SIMÕES, JOANA CABRAL RODRIGUES, JOÃO RISCADO, JOSÉ MARIA VIEIRA MENDES LOBO ANTUNES, LUIS AFONSO CASAIS RIBEIRO,MAFALDA PINTO BASTO, MANUEL CANAVILHAS, MARTA ABRANTES MARTA MARIA ASCENÇÃO, MIGUEL CASIMIRO, MIGUEL VASCO GASPAR, NUNO MOURONHO, PEDRO, LEANDRO, RICARDO NIZA, RICARDO VIZINHO, RITA PENEDO, RITA CASIMIRO, RITA NÚNCIO, RITA MARIA CARVALHO, TIAGO BAPTISTA, TIAGO MENDES COELHO, VASCO ONOFRE, VASCO PIMENTEL DUARTE.


Por último fica aqui o modelo pedagógico daquela altura que ainda hoje se mantém actual:


Modelo Pedagógico – FERNÃO MENDES PINTOO modelo pedagógico baseia-se em princípios filosóficos e éticos de justiça, reciprocidade e igualdade. Valores que integram a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Esses princípios apoiados numa praxis coerente e interveniente vão no sentido de estabelecer um contexto democrático na sala de aula. Assim desenvolve-se na sala de aula e na escola um sistema social baseado em procedimentos democráticos gerido pelo professor e os alunos.
Componentes da organização e gestão do trabalho curricular:
1. Planeamento por participação directa em cooperação.
2. Tomada de decisão por consensos negociados.
3. Controlo directo e sistemático das regras e decisões tomadas.
4. Regulação directa e cooperada do desenvolvimento do trabalho, das aprendizagens curriculares e da cidadania democrática.
5. Difusão da informação e partilha sistemática das produções e saberes acentuando o valor democrático das trocas de informação de saberes e de produções culturais.
Consequências imediatas da aprendizagem cooperada:
· Maior rendimento e produtividade por parte de todos os alunos;
· Motivação intrínseca;
· Motivação para um cada vez mais alto rendimento;
· Nível superior de raciocínio e pensamento
Pretende-se também:
· O incremento do espírito de equipa;
· Relações solidárias e empenhadas;
· Bem-estar pessoal e escolar;
· Valorização da diversidade e coesão
e ainda:
· O fortalecimento do "eu";
· Auto-estima;
· Sentido de identidade própria;
· Desenvolvimento de competências para enfrentar a adversidade, as frustrações e as tensões;
· Privilegiamos práticas interpessoais e de grupo;
· Comunicar, tomar decisões, orientar, criar climas de confiança, gerir conflitos, motivar e estar motivado.
Todos os membros do grupo (professor e alunos) analisam regularmente em que medida estão a ser alcançados os objectivos e de que maneira podem acrescentar eficácia ao grupo de trabalho.
Somos uma Escola, uma comunidade de aprendizagem onde se valoriza a diversidade, onde se procura que o rendimento dos alunos seja elevado tanto para os alunos especialmente dotados como para aqueles que têm dificuldades.


O blog: http://f-m-p.blogspot.com/


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Música

Considero-me um fanático por música. Não há dia que passe em que não ouça dezenas de músicas. Não há dia que passe que não procure novos sons, novos albúns, novas tendências....Adormeço a ouvir música no meu ipod (o meu amigo inseparável em muitas viagens), ando de carro a ouvir música no meu ipod....
Tudo isto vem dos meus tempos de infãncia, o meu pai é um grande amante de música, de maneira que cresci a ouvir os mais variados sons. Lembro-me que odiava Ravi Shankar mas hoje aprecio e muito esta lenda da música.
Lembro-me de acordar muito cedo e ir para a aparelhagem do meu pai, colocar os auscultadores e ouvir, reouvir, meter o gira-discos a andar para trás ou então a uma rotação que nos faz lembrar uma criança a cantar.....Uma vez, esqueci-me de colocar o jack na aparelhagem e como não conseguia ouvir a música, fui colocando cada vez mais alto, quando a música realmente começou acordei a casa toda, especialmente os meus pais, naquela altura a a aparelhagem estava no quarto/sala.....Foi lindo!!!
Hoje quando fui deixar o meu filho Henrique a casa dos avós ouvi uma música que simplesmente me deixou.........speechless!!!!
Genial!De uma pureza incríveis!!Há muito tempo que não sentia uma musica assim logo na primeira vez que tocou no meu ouvido.
Chama-se "Unreachable" do último álbum de John Frusciante "The Empyrean". E, como o próprio nome diz, é unreachable, inalcançável!!!Só ao alcançe de muito poucos artistas....
Um deles é Jimi Hendrix grande influência do John e que está bem presente nesta faixa, especialmente a partir do minuto 3:40 e até ao fim da música. Simplesmente GENIAL!!!Estou sem palavras.....
Obrigado John e obrigado Jimi

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Conforto

Agora num tom mais divertido...
No outro dia, em casa de um amigo meu estávamos a ver a sobrinha dele a ser colocada num ovinho bem confortável e aconchegado. Veio à baila a conversa.....
Porque é que não temos nós, adultos, uns pais com 3 metros de altura que nos coloquem nuns ovinhos gigantes e nos aconcheguem e nos transportem para todo o lado? Era bem bom!!!
Alguém que nos desse banho, nos vestisse e nos levasse para a cama ao colo ou a imitar um avião!!
Que saudades de ser criança, mesmo que por uns momentos apenas!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

(Des)Inspiração - Acordar com Lisboa

Tenho andado (des)inspirado...Palavras e memórias acorrem aos meus pensamentos, escrevo-os em papel, mas tenho tido o descuido de os perder ou deixar em algum sitio pouco provável para serem reencontrados...
De qualquer das formas há um que não me sai da cabeça..."O Acordar com Lisboa"

Acordei com Lisboa no outro dia, passeando, vagueando pelas ruas da Baixa Pombalina, com o rio Tejo prateado, inundando lentamente as ruas, as casas, dando um brilho diferente das outras horas do dia.
Àquela hora muito pouca gente acordou, tal como eu, com Lisboa. O barulho ensurdecedor que caracteriza a nossa Lisboa ainda não tinha chegado....se calhar ainda dormia depois de um dia ruidoso...
E foi assim que andei uns minutos, pensando para mim, como deve ser é bom acordar assim todos os dias nesta linda cidade, fundada pelo herói grego Ulisses que, tal como eu, deve ter acordado um dia e logo ficar encantado com tanta beleza...
Até amanhã Lisboa

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Espelhos das minhas mãos

O meu querido Bisavô Pires escreveu muitos textos que tive o prazer de encontrar escritos pela sua mão, e que hoje conservo para que os meus filhos, netos, bisnetos e por aí adiante possam "conhecer" um homem maravilhoso que deixou e ainda deixa muita saudade.
Aqui fica a minha homenagem:

“Metalúrgico de profissão, ao fim de 60 anos de trabalho e pouco mais de 70 anos de idade, lembrei-me das minhas mãos”

Já as tive muitas vezes limpas
Mas sempre ásperas, calosas.
E nunca nelas me mirei!
Só quando as tenho enodoadas,
Gordurentas ou feridasÉ que olho para elas!...

As minhas pobres mãos!
Já lhes curei enormes feridas,
Golpes profundos que sangraram
Abundantemente.
Que satisfação quando curadas
Usá-las novamente
Tê-las sujas com nódoas do meu trabalho.
Limpá-las só, sem as lavar muitas vezes,
Para apertar com elas a amizade
E outras vezes a desdita….!
As minhas pobres mãos!
Com elas ganho amido
O pão de cada dia.
E é já longa a minha jornada,
Com estas mãos ásperas, calosas.
Com elas limpas,
Tão limpas como a alma
Apertei eu a mão,Da mãe de meus filhinhos.
Que ditosas foram nesse dia
As minhas mãos!
E com elas muitas vezes por limpar,
Sujei eu as facezitas rosadas
De meus filhos
E pode parecer estranho…
Mas eu sentia as minhas mãos alegres!
É que elas sabiam, que eles,
Por elas recebiam
O pão e o carinho
As minhas mãos…!!!
Nunca as deixei sujar
Nas nódoas que não saiem
Nem elas me tremeram,
Por receio.
Conservo-as limpas, mutiladas,
Como medalhas que premeiam o esforço
São elas ainda quem me obriga
A ter de usá-las
Constantemente
Elas não querem repousar…
Teimosas mãos, ásperas, calosas.
Mãos que são o meu destino!
Com elas assim endurecidas,
Quase nem sinto o que elas fazem
Sempre as estendi com lealdade
Sempre as recolhi com gratidão.
Sempre as usei por necessidade
E raramente as estendi pedindo!
Com a ajuda delas, já ajudei bastante.
Aos meus e a outros, também precisados.
Com que alegria elas o têm feito!
Mãos?...
Vi-me hoje nas tuas cicatrizes
E senti que me tremeram!
Porquê?
Sim
Tremeram-me as minhas mãos!
Elas tiveram medo, porque estavam limpas
E a pele áspera, já não é tão dura.
Tive de as consolar dizendo:É que vão sendo horas, de repousar também!,..
Se as minhas mão soubessem
Porque razão tremeram…
Minhas pobres mãos!
Daqui para diante, haveis de tremer mais.
E a pele áspera vai desaparecendo
E os calos acabam por acabar também
E quando forem limpas
Talvez cuidadas,
Muitos poderão ver
Que das mutilações sofridas
Ficaram os sinais
Duma vida de trabalho.
Inertes agora…
Pousadas sobre os joelhos
Com elas vem brincar
Mãozitas finas
De adoráveis crianças,
Que se riem de ver tremer,
As mãos de seu avô…
Pobres mãos as minhas!
E um dia…Paradas…
Gélidas pelo frio,
Que as estabilizou…
Repousam sobre pontas!
Estão-me sobre o coração
Que parou também
Outras mãos piedosas
Compadecidas
Cuidavam de as aconchegar no peito
Que tanto delas se orgulhou
As minhas mãos da Vida
Não me abandonaram!..
Nem mesmo para além da morte.

José Pires