quarta-feira, 24 de setembro de 2014

AMIGOS/AMIGAS

Essa entidade que é quase família, por vezes é mesmo família.

 

São irmãos/irmãs que nunca tivemos, são nossos confidentes, em quem nos confiam os seus segredos, ansiedades, medos...Estão sempre lá!!

 

E quem tem amigos assim é um sortudo! Num mundo em que cada vez mais “falamos” por chat, por sms, pelas redes sociais, torna-se mais raro ter  grandes amigos! Aqueles que nunca falham, que estão sempre por perto!

 

Ainda há pouco tempo estava a sair do Aquashow no Algarve e reparei em 3 rapazes “agarrados” aos seus telemóveis...Por piada perguntei “vocês são amigos?” e a resposta foi “Sim”... Seria o cúmulo estarem os 3 a comentar o mesmo post no facebook....o que não me parece que hoje em dia não é descabido de todo.

 

Cresci e brinquei muito na rua, onde as amizades são mais fáceis de acontecer, futebol de rua, escondidas, bate pé (quem sabe o que é o bate pé sabe o que estou a falar....quem não sabe pergunte ao pai ou mãe), jogo do lenço, jogo do segredo, entre outros.

 

Meu Deus já tenho saudades!! Vivíamos felizes sem todos os gadgets que existe hoje em dia, sem televisão a cores, apenas com 2 canais, em que a RTP 2 só começava à tarde com um programa chamado “Follow Me” - https://www.youtube.com/watch?v=PGiNjI1j2P4 - e que era nem mais nem menos que um curso de inglês...Talvez venha daí a minha facilidade em aprender inglês e nunca ter estudado para um teste de inglês durante os 6 anos que tive essa disciplina na escola.

 

Com isto tudo não quero dizer que irei privar os meus filhos de se divertir com uma playstation ou afins...Desejo é que eles possam ter o melhor de cada mundo! Só assim poderão ter uma infância tão ou mais feliz como eu tive o privilégio de viver.

 

As meninas necessitam de ter as suas amigas. Elas são parte fundamental do seu crescimento emocional que os rapazes não conseguem dar em fase mais precoce do crescimento. Porque são parvos, chatos, só pensam em futebol e carros. Hoje em dia talvez o futebol se mantenha e os carros sejam substituídos por Invizimals, Skylanders, etc...

 

Vou adorar assistir ao crescimento da minha princesa com as suas amigas, segredando no quarto, mais tarde indo às compras com a mala no braço, talvez ouvindo piropos (se os rapazes não estiverem agarrados a um post facebookiano), chamando-lhes de parvos mas com o ego em “alta”.

 

Quantos amigos de infância irão os nossos filhos ter até à idade adulta? Se os pais não alimentarem essas amizades, irá perder-se em fim de semana que “como choveu tivemos de ficar em casa (com os gadgets)”.

 

Este domingo que passou estava no INATEL e encontrei um grande amigo de infância, o José Maria Vieira Mendes, grande escritor de peças de teatro com um futuro enorme pela frente – se quiserem ver as suas peças, podem sair de casa, mesmo num dia de chuva e ir ao teatro Praga (www.teatropraga.com) ou qualquer outro teatro ou actividade...

 

Quero dizer com isto que sem uma infância feliz e intensa, provavelmente não iria reconhecer o Zé Maria ou qualquer outro amigo/a de infância. E olhem que eu sei o nome de todos os meus colegas de primária, sem excepção.... O porquê fica para outra crónica.

 

Não quero de todo dizer que só há amizades desde esse tempo.....A amizade é algo que se constrói com anos e anos de presença...Tenho a sorte e o privilégio de ter grandes amigos, minha família, os confidentes, que estão sempre lá!

 

Ontem o meu cunhado fez anos e todos (reforço o “todos”) os seus amigos de juventude estavam lá para brindar!

 

Por isso, e como a minha vida pessoal (mulher enóloga) e profissional (FitaPreta Vinhos e Maçanita Vinhos) envolve esse néctar, volto a erguer o copo e desta vez brindo à verdadeira amizade!

 

Amigos! Amigas! Este brinde é para vocês!!! Adoro-vos!!


Lisboa, 24 de Setembro de 2014

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

DESCULPA

É das palavras mais fáceis de dizer! Porque pode remediar o que fizemos de errado. Porque crescemos a ouvir “Pede desculpa ao teu irmão!” ou “Estou à espera do teu pedido de desculpas!”

 

Ou seja, ainda antes de perceber o que é pedir desculpa já somos “obrigados” a fazê-lo...

 

Os meus filhos ainda não entenderam totalmente o verdadeiro significado de tão forte palavra. Por isso ainda ouço, quando se magoam um ao outro, um “des-------lpa” balbuciado entre os dentes e com ar de zangado.

 

Como fazer com que eles entendam?

 

O tempo e o crescimento emocional ajuda, mas creio ser importante lhes dar os “inputs” constantemente! Senão será mais difícil no futuro e em adulto o “desculpa” torna-se banal....

 

Por vezes, quando fazemos “besteira da grossa” como dizem os nossos irmãos brasileiros, temos tendência para pedir de imediato desculpa. Só que o que acontecia quando éramos pequenos já não funciona assim tão facilmente...

 

Passo a explicar: Em pequenos, um “desculpa” em conjunto com um abraço ou um beijo servia para resolver o problema.

 

Quando crescemos essa palavra, em alguns casos, já não é suficiente, temos de fazer mais, ser mais crescidos, aceitar o erro e tentar que não volte a acontecer...Ainda estamos a crescer! Como homem, como mulher, como ser humano. Quem diz que já não tem idade para aprender, dificilmente poderá remediar os erros e os seus “desculpa” de nada servem.

 

É importante fazer algo mais! Conquistar novamente a confiança e o respeito de quem se traiu. E isso por vezes é duro, muito duro! 

 

A minha mulher uma vez disse-me “ainda está para nascer a mulher que não gostará de ser reconquistada”. E eu acredito nela!

 

Acredito que além de gostarem de ser reconquistadas, gostam de ser conquistadas! E nós também! Todos os dias! Porque a vida a dois não se resume a um “SIM” no dia do casamento. É no dia-a-dia que uma relação se baseia e o somatório desses dias traz-nos a FELICIDADE!!

 

As mulheres têm essa sensibilidade de aceitar uma reconquista, de aceitar o “desculpa”, de seguir em frente, não esquecendo obviamente o que aconteceu. Mas a sua capacidade de voltar a amar é, quase, infinita.

 

Noutros tempos, e sei de histórias da minha avó e bisavó, reais, o marido traia a mulher.. A mulher, na maioria das vezes perdoava as “escapadelas” e a vida corria normalmente. E a minha avó e bisavó, perdoando, foram felizes até ao fim das suas vidas!!

 

Hoje não será propriamente assim mas acredito que no amor tudo é possível! 

 

Perdoar, amar, conquistar, reconquistar e até pedir desculpa!!!


Lisboa, 17 de Setembro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

(RE)COMEÇAR

Durante a nossa vida, durante um simples ano da nossa vida há vários (re)começos.

 

Definição de recomeçar – reiniciar

 

Reiniciar, ou iniciar, como acharem melhor. E temos vários exemplos ao longo do ano, ao longo da vida...

 

Senão vejamos...

 

No aniversário sentimos que algo novo vai acontecer! É vulgar dizer “venham mais x anos!” ou “que para o ano estejamos cá todos de novo!”, porque queremos ser eternos, porque queremos viver e reviver a vida! Formulamos desejos, sonhos.

 

No ano novo, sentimos que algo novo pode acontecer, queremos aprender com os erros e sermos melhores no ano seguinte...”Felicidades”, “Bom Ano”, “Próspero Ano Novo” dizemos com frequência. Nesse dia sentimos que vamos verdadeiramente (re)começar! 

 

Nesse dia as moedas acabaram! Temos de inserir mais! Ou então “Game Over. Insert Coins” como dizem as máquinas dos salões de jogos. 

Fazendo um parênteses aqui....

Será que ainda existem esses salões? Confesso que tenho saudades desses tempos em que, com um grande amigo meu, e com 50 escudos, começávamos (aqui não recomeçávamos) e terminávamos o jogo sem ter de ler essa frase fatídica de “Game Over”.

 

O casamento é verdadeiramente um COMEÇO. Para outros um recomeço (2º, 3º casamento e por aí fora). Escrevo assim com “C” maiúsculo. Como referi noutra crónica, o casamento é um COMEÇO, mas é ao mesmo tempo uma das maiores provas de vida que temos pela frente. 

 

É maravilhoso mas exigente, é alegria e tristeza, é angústia e orgulho, é tanta coisa! É ter filhos! Educá-los, dar-lhes as “chaves” certas para a vida, ou que pelo menos achamos que são as chaves certas!

 

E chego ao ponto que me deu as luzes para esta começar a escrever esta crónica....

 

O PRIMEIRO DIA DE AULAS!

 

O (re)começar de um longo caminho que temos pela frente, com tudo aquilo que a vida nos pode dar.. Alegria, felicidade, angustia, frustração, tanta coisa....

 

Ainda hoje o meu filho do meio, ou como lhe chamava antes da filhota nascer “o irmão mais novo do meu filho mais velho” chorou quando o fui deixar na escola, colou-se a mim como uma lapa. 

Confesso que não sou pai de ficar ali até lhe passar a birra. Despeço-me calmamente com um beijo e um “até logo”.

Ao final do dia perguntei-lhe: “porque choraste quando me vim embora da escola?” ao que ele respondeu “porque queria que o pai ficasse!! Porque ia ter saudades do pai!”.

 

Respondi-lhe: “Eu gostaria muito de ter ficado, mas não posso!”, e acrescentei “imagina agora que quem não queria sair da escola era o pai, e que vocês iam começar as actividade e o pai não queria sair. Chorava e berrava que não queria sair! O que me dizias?

Oh! Dizia que o pai tinha que ir trabalhar!!

 

Acho que entendeu a “chave” e não terei de fazer esse espetáculo na escola.

 

Próximo dia 15 de Setembro, oficialmente (re)iniciam mais um ciclo da vida! É o primeiro dia de aulas! 

 

Malas prontas, material escolar lá dentro e boa sorte!!!!

 

Escrevi esta crónica no auditório do agrupamento escolar dos meus filhos, enquanto esperava pela apresentação do ano lectivo de 2014/2015. A escola é sempre uma excelente inspiração.


Lisboa, 14 de Setembro de 2014

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

SAPATOS, SAPATOS E MAIS SAPATOS

Estive desinspirado a semana toda (se é que existe inspiração de todo) até hoje...

A minha filhota tem uma otite e tive de ficar com ela em casa... Ao inicio nada tem a ver com o título mas rapidamente irão perceber a ligação...

 

O que acho impressionante e fascinante numa menina – tenho 2 rapazes mais velhos, por isso toda esta feminilidade em casa é impressionante e fascinante – é que desde pequena que gosta de levar a mala dela pendurada no braço, mais precisamente na parte interior do braço, entre o braço e o antebraço, já começou a querer colocar alguns objectos dentro da tal mala e levar à rua....

 

Adora passear na rua com um mini-carrinho de bebé e com a “Maria” (cá em casa foi o nome que ela deu ao Nenuco). Hoje cozinhou e deu a “papa” à Maria, vestiu-lhe o pijama, perguntou pela chupeta dela e ainda quis dar-lhe um pouco de leite antes de se deitar.....Para quem, ainda, não tem filhas meninas, devem desejar ter uma!!! É maravilhoso!!

 

A sensibilidade e visão do mundo que a rodeia é completamente diferente dos rapazes, apesar de ela, por uma osmose de irmandade, querer imitar o que os rapazes fazem, i.e trepar tudo! Saltar seja de onde for, chutar à bola....

 

Mas são diferentes! Tão diferentes! Um verdadeiro encanto!!

 

E hoje, em casa, por diversas vezes quis calçar-me, queria que a calçasse. Dizia-lhe que “filhota o pai não quer calçar-se! Quando formos à rua pode ser!” Mas não desistiu até me calçar os chinelos (menos mau) e calçar os seus sapatinhos azuis....

 

E foi essa a “inspiração” que me faltava para a minha crónica de hoje! Os sapatos!

Ou melhor ainda os “papos” como ela lhe chama e me pede para calçar todos os dias.

 

Coincidência ou não assisti a uma reportagem na televisão sobre uma tal Feira Internacional do Calçado em Milão que este ano teve uma comitiva recorde de 86 produtores e em que referia que o sector em Portugal está em crescimento! Há inclusivamente alguns quadros com falta de formação.

 

São bons sinais para a economia portuguesa mas é acima de tudo uma excelente noticia para a mulher! Amante de “papos” ou sapatos como quiserem.  Não há mulher que não pare numa montra de uma sapataria, e se apaixone por uns sapatos, altos, rasos, sandálias, botas de cano alto, baixo, para todos os gostos!! Um armário de mulher em casa é com certeza um armário feliz!!

 

Os homens agradecem tão grande panóplia mas não tanto o tempo que demoram a escolher...

 

E foi assim que, como pai a tempo inteiro, inspirei-me numa menina linda para uma crónica que achava que não teria tema....

 

Obrigado filhota!!!


Lisboa, 3 de Setembro de 2014