Há uns dias sonhei com o que vou escrever hoje!
A música dos Xutos ecoou no meu sonho a noite toda, e só ouvia:
O que foi feito de ti?
O que foi feito de mim?
Eu acrescento, “o que foi feito de nós?”
Nós enquanto sociedade, seres humanos.
Vivemos numa era que me assusta!
Em que cada vez mais sinto dificuldade em me manter são, em conseguir passar para os meus filhos, os valores que os meus pais me passaram.
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No fim-de-semana passado ao sugerir um passeio até à praia, e ouvir o caminho todo “falta muito?”, “quanto tempo vamos ficar fora de casa?”…. senti que falhei! Falhei como pai!
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Não consegui como conseguia antes, sair de casa e todos se divertirem! Voltarmos de sorriso nos lábios! Cansados mas muito felizes!!
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Eu sei que é como o Bruno Nogueira diz:
“Os pais fazem o melhor que podem e falham sempre. É essa a principal função dos pais: uma sucessão ininterrupta de tentatival /erro que faz com que educar seja ao mesmo tempo deseducar. Nenhum pai nem nenhuma mãe acerta, porque cada pai e cada mãe faz o melhor que sabe, e o melhor que sabe é criar nos filhos uma personagem que os ajude a passar entre os pingos da chuva e a ter uma vida feliz apesar de tudo. Apesar deles.”
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Eu sei! Falhar quase sempre! E acertar às vezes!
Mas custa sentir este falhanço! Custa! Dói! Moi!
Faz-me pensar o que andamos a fazer!
Faz-me ter saudades dos meus tempos de adolescente!
Ainda há pouco tempo gravei com um podcast com a Ana Best, o “G’Ana's de Conversar” (em breve estará disponível no Spotify e YouTube), e, entre muitas coisas, falei da minha adolescência na incrível cidade de Almada, onde vivi dos melhores momentos da minha vida! Onde éramos livres de tudo!
Não havia tecnologias!
Os encontros eram combinados com uma chamada telefónica para o telefone fixo, se eles não atendessem, o encontro podia acontecer na “cabine”, que era uma cabine telefónica na praça central de Almada.
E nunca ficava sozinho! Aparecia sempre alguém! Até sermos muitos! Até Sermos, sempre, felizes!
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Se voltasse atrás no tempo fazia tudo igual! Vírgula por vírgula!!
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Gostava mesmo muito que os meus filhos pudessem viver algo semelhante ao que eu vivi! Bastava um pouco!!
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Eu sei que a nossa geração já foi muito diferente da dos nossos pais, e que se calhar eles também viviam angustiados com a diferença geracional!
Mas penso que as novas gerações, a dos nossos filhos, deram um salto ainda maior!!
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Está muito confuso este texto, tal como o sonho foi!!
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Também estou em tentativa/erro para ser um pseudo-escritor.
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Por enquanto vou continuar a tentar/errar neste processo de ser Pai! Afinal é só a maior missão das nossas vidas!!
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Também sei que um dia não são dias! E há mais marés que marinheiros!
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Mas as perguntas ficam no ar!!
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O que foi feito de ti?
O que foi feito de mim?
O que foi feito de nós?
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