sexta-feira, 24 de novembro de 2023

As amizades e o divórcio das mesmas

Carrego em mim as amizades de uma vida que já leva 47 anos.

Sou a soma dessas amizades e do que vivi ao longo destes anos. As mais antigas, as mais recentes, até as que se diluíram no tempo..


E mesmo a propósito dessas que se diluíram no tempo, ainda ontem li uma frase do livro do Bruno Nogueira, o “Aqui dentro faz muito barulho” que diz o seguinte: “…Não é fácil aceitarmos que há amigos que não são para sempre, são para um período da nossa vida em que sermos amigos era a mesma coisa para um e para outro. Depois muda a idade, muda a vida, o trabalho mete-se pelo caminho, aparecem filhos, os gostos mudam. O divórcio numa amizade nem sempre é de comum acordo, ninguém quer perder o que acha que é dela. Mas no fim, nenhuma amizade se aguenta sem ter onde se agarrar…”


E de facto chego à conclusão que já tive alguns divórcios nestes 47 anos. 


E divorciei-me do meu primeiro grande grande amigo!


Sabem aquele amigo que estava com vocês o tempo todo?

Que dormia na vossa casa! Que vocês dormiam na casa deles! Inseparáveis!

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Ao ponto de um dia aparecer na casa dele um amigo (eu estava lá como sempre), e pede para falar a sós. 

Ouvi muita coisa no quarto ao lado, mas o que retive foi: “agora só queres estar com eles? Eles é que são os teus amigos?!” Era ciúme, típico de uma relação...achei estranho todo aquele aparato, afinal podemos ser amigos de muita gente não?


Entretanto vieram as mulheres, os filhos, o trabalho, a vida, veio tudo! E separámo-nos! Nem dei pelo divórcio! Achei fazia parte da vida algum afastamento, que um dia poderíamos voltar a nos dar, não de uma forma tão intensa mas regular! Como o faço com outros grandes amores da minha vida. Outros casamentos que perduram até hoje.

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Mas não, enganei-me! Ignorei os sinais ao longo dos anos de que facto o divórcio ia acontecer. E ao ler o que o Bruno escreveu, caiu-me a “ficha”.


Ainda hoje somos amigos! Foi um divórcio amigável!! 


Não é mesmo fácil aceitar que há amigos que não são para sempre! Eu gostava mesmo que fosse para sempre!! 
E gostava que este divórcio nunca tivesse acontecido!!

2 comentários:

DESCONVERSAS disse...

E mais difícil é aceitar que outros são até que a voz me doa...

Anónimo disse...

Excelente reflexão!
Fiquei suspensa numa inspiração que lhe fez viajar em flash para as últimas interrogações de uma amizade em estado intermitente...
E não é que é mesmo verdade?
(É melhorar completar o processo de respiração e expirar... se não, sou eu que acabo por "acabar").
Amizades em estado de divórcio.
Muito bom, mesmo!!!